Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Saidinha da casca

O blog pessoal de uma aprendiz da vida. Espaço de partilha de devaneios, teorias sensacionalistas, gostos, ideias, curiosidades e opiniões pertinentes sobre tudo, nada e mais um pouco.

Saidinha da casca

O blog pessoal de uma aprendiz da vida. Espaço de partilha de devaneios, teorias sensacionalistas, gostos, ideias, curiosidades e opiniões pertinentes sobre tudo, nada e mais um pouco.

A decisão drástica de Alicia Keys

 

shfg.png

aliciakeysnomakeup.jpg

 

 

A Alicia Keys insurgiu-se contra a ditadura da máfia dos cosméticos, despediu-se para sempre da maquilhagem. Os motivos apresentados neste artigo são muito legítimos, "estava farta" de contribuir para uma imagem da mulher que não existe, "sexy, magra, desejável, perfeita", de ser julgada pelas mulheres e dos estereótipos veiculados pelos média que os corpos de tamanho normal não o são. Essas inseguranças passaram para as letras do seu novo álbum e a Alicia descobriu-se a si mesma e decidiu tomar uma atitude drástica, mostrar quem realmente é. 

 

É uma decisão muito corajosa, mas será mesmo que a cantora a vai conseguir manter? É difícil de abdicar desta máscara de perfeição quando se vive sob os holofotes. Para o público que a aprecia como cantora nada muda, o que interessa é a música e a pessoa que é a artista, não a sua cara. Mas os cantores conseguem fazer chegar o seu trabalho a mais ouvidos dependendo da fama, onde o natural está sempre encoberto. As revistas fazem produções fotográficas glamorosas, as marcas convidam para embaixadoras algumas das mais belas mulheres de Hollywood, quando a imagem vale mais que mil palavras esta forte mensagem feminista perde-se, caso estes convites diminuam. Daqui para a frente veremos as consequências da decisão na carreira da Alicia. 

 

Relativamente à mensagem, foi hasteada mais uma grande bandeira feminista, por uma grande celebridade. Nesta sociedade de máscaras e plasticidade é normal sentimo-nos deslocadas. Há duas posturas que podemos adoptar, aceitar o que a sociedade nos faz acreditar serem defeitos, mas na verdade é natural e real, ou esconder a nossa real aparência. Uma grande tendência é a maquilhagem "no make up", a pior forma de vender o falso como verdadeiro, que sai ao final do dia com uma gota de desmaquilhante num algodão.

 

Quando era criança, com os meus 4-5 anos, adorava usar o estojo de maquilhagem, sapatos e carteiras da minha mãe para montar o meu show privado. Era batons partidos, verniz desperdiçado, lips gloss nos olhos ... que confundia com sombra líquida ... agora há tutoriais que ensinam a fazer uma maquilhagem integral usando apenas um batom, eu já na altura era uma visionária, mesmo sem saber. Não sei se é digno da minha pena ou oração aos céus não ter fotos minhas nessas figuras. Eu levava uns raspanetes, umas sapatadas, a caixinha mágica mudava de esconderijo, até as minhas capacidades de investigação levarem a melhor, depois o ciclo começava novamente. Às vezes lá tentava surrupiar um produto qualquer, assim como quem não quer a coisa, para ver se ficava para mim. Durante os meus 21 anos nunca me maquiei à séria, foi sempre uma brincadeira de criança. Simplesmente desinteressei-me, não cultivei o jeito e agora já não tenho muita vontade de voltar a experimentar. Primeiro porque acho que a longo prazo os produtos que usamos no rosto nos fazem envelhecer mais e depressa. Depois porque durante alguns momentos do dia, em condições normais (não sob a poderosa luz intensa e branca das esteticistas ou provadores das lojas de roupa, que nos fazem questionar se fomos mordidas por zombies sem nos apercebermos), não me acho assim tão feia. Na minha adolescência pensava que chegaria uma certa idade em que a minha pele voltaria a ser como era, que estava apenas a atravessar uma fase passageira, estava monumentalmente enganada. Tenho esporadicamente uma ou outra borbulha e marcas das que desapareceram, principalmente quando aquela altura do mês ataca, um ou outro ponto negro, duas marcas da varicela observáveis em certos ângulos e determinada incidência da luz, o queixo esse sim, cheio de pequenos pontinhos esbranquiçados, mas só percepcionados por mim porque não se vêm, apenas sentem. E assumo-me assim, como sou, a toda a hora, ao natural.

 

E a quem tem insegurança ou insatisfação com o aspecto deixo o conselho de uma terapia infalível e grátis, vá ao Google e procure fotos de celebridades sem maquilhagem. Vai pensar logo que aquela estrela de cinema, que pensava conhecer tão bem e de quem é fã, sofre de uma doença terminal ou caiu na armadilha da droga. É apenas  Hollywood despido, ao patamar dos comuns mortais.

16 comentários

Comentar post

Pág. 1/2