Desta vez o touro levou a melhor
O país tem estado assoberbado com a vitória da seleção, o antes e depois ocupa todos os meios de comunicação e o coração de todos os portugueses. Não houve muito espaço para noticiar a morte do toureiro Víctor Barrio, aos 29 anos, neste sábado após ter sido colhido por um touro, em Teruel, na vizinha Espanha. Quem toureia sabe bem o risco que corre ao enfrentar um animal corpulento, este de 500 kg, com chifres pontiagudos, que atingiram mortalmente a aorta e um pulmão, pouco havia a ser feito, portanto. Vi o vídeo, achei demasiado chocante para reproduzir aqui, já chega estar muito acessível na internet.
Este caso foi não só amplamente noticiado pela morte de Víctor, transmitida em directo na televisão, como pelo acender a discussão pelos direitos dos animais. Sou completamente contra as touradas, não considero tradição, não se enquadro nos desportos, nem acho que seja um espectáculo ou forma de arte, porque nestes não se sacrifica o bem estar de qualquer ser vivo. Para mim é uma barbaridade, uma coisa tão primitiva que ainda não compreendo como consegue perdurar nos dias de hoje. Infligir sofrimento nos animais por entretenimento é apenas uma violenta demonstração de força, e violência não merece espectadores, torcida ou aplausos.
É triste, perdeu-se uma vida e a morte é sempre de lamentar, se as circunstâncias para muitos não são moralmente aceites não significa que se ache o desfecho merecido e justo. Muitos defensores dos animais encheram as redes sociais de insultos ao toureiro e à família, isto também é deplorável e condenável, quem respeita o sofrimento dos animais não deve ser hipócrita ao ignorar a dor e sofrimento dos que choram quem cedo parte.
Muitas vezes se argumenta que o animal está indefeso, este foi bem capaz de se defender, o que não iliba o único culpado, o Homem. Lorenzo é o touro assassino e manda o costume acabar com a linhagem, devendo-se abater a mãe. Na redes sociais surgiram logo campanhas para salvar a Lorenza, e impedir o ritual pela perpetuação do derrame de sangue, não tivesse a fêmea ter sido encaminhada para o matadouro antes da tourada. A nova polémica terminou ainda antes de começar, mas o assunto está por acabar. A discussão do tópico continua com a medida de forças dos lados opostos, enquanto a tauromaquia vai perdendo força e apoiantes mas continua a perdurar.