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Saidinha da casca

O blog pessoal de uma aprendiz da vida. Espaço de partilha de devaneios, teorias sensacionalistas, gostos, ideias, curiosidades e opiniões pertinentes sobre tudo, nada e mais um pouco.

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Presentes de Natal para a família e arredores

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Esta semana fui às compras com algumas colegas. Eu ia muito descansadinha da vidinha toda contente por ir ver as montras antes de entrar de férias. As minhas companhias tinham outro propósitos, o de despachar a lista de presentes para amigos e família.

 

Eu nunca comprei um presente de Natal para ninguém, nunca. Na minha família não há muita tradição de troca de presentes entre os adultos elas refletem-se sempre nos filhos dos outros, todos dizem a lengalenga "não quero nada, não preciso de nada", eu e os os meus primos mais novos, já adolescentes, incluímo-nos no "não preciso de nada". Ao longo do ano vou tendo o que preciso e já não sou criança, não espero pelo Natal para receber nada com que andasse a sonhar, nem faço questão em nenhuma prenda em particular. A filosofia da minha família é a do para quê gastar pouco dinheiro, 5 ou 10 euros, para oferecer uma lembrança a cada pessoa que vai ser retribuída com outra pequena lembrança quando podíamos poupar esse dinheiro e comprar algo para nós, essa acaba por ser a prenda, poupar para gastar no que queremos. A campeã das ofertas na família é a minha avó e por associação o meu avô que a deixa dar-mos tudo o que ela quer. Todos os anos, mas todos, os filhos e netos são corridos a pijamas, para mim e para os meus primos vem a mais uma nota e uma caixa de bombons. De resto a única troca de presentes é de padrinhos, tios e pais para afilhados, sobrinhos e filhos. Não há trocas de presentes entre a minha mãe e o meu tio e o primo dos dois, nem sequer com os dois filhos dele (deixamo-nos disso há uns anos) e eles que são meus primos em segundo grau até são família bem próxima. E eu tenho vindo a falar de adultos sem me incluir nesta categoria apesar de teoricamente já o ser, no Natal como continuo a receber presentes ainda me considero entre os dois mundos. Isto não quer dizer que não gostemos uns dos outros, damo-nos todos muito bem, nem que sejamos todos uns forretas, por exemplo, do meu padrinho recebo sempre ou dinheiro ou um perfume de marca e uma caixa de bombons. Apenas permite que eu e os meus primos recebamos menos coisas mas melhores, porque o orçamento de presentes vem canalizado só para nós os três.

 

Os colégios privados deviam ter vergonha

Já ando muito farta das notícias das manifestações dos colégios financiados com verba pública. Tenho dois primos numa destas escolas, então a minha avó anda com as antenas afinadas a toda esta novela.

 

A minha avó na cozinha e eu na sala, cada divisão com a sua televisão.

 

A: PÕE NA QUATRO.

E: Mas porquê.

Mudo de canal.

E: O quê é que tem?

A: Está a dar das escolas.

 

Eu vivo a dez minutos de distância dos meus primos e estudei numa escola pública, não há assim tanta falta de opção como dizem, crianças que estão a quilómetros de distância do ensino público. É que não acabaram com todos os contratos, apenas cortaram o financiamento para metade. Apoiava completamente a luta se achasse que as escolas precisavam mesmo deste financiamento. Mas os meus primos num intervalo de dois meses tiveram duas "visitas de estudo" de três dias ao Reino Unido e à Suíça, os dois, um no nono e outro no décimo primeiro ano, mas às viagens adequavam-se perfeitamente nos programas curriculares dos dois. É para estes passeios que serve o dinheiro dos contribuintes. Porque duvido que se os meus primos tivessem de pagar os trezentos euros, vezes dois, em sessenta dias, como na minha escola em viagens do género (e não "visitas de estudo") tivessem ido.

Mais sobra para, por exemplo, aumentarem o financiamento ao ensino superior, que as propinas são obrigatórias para todos, e um grande rombo no orçamento dos estudantes deslocados, como se já não bastassem as rendas e os transportes .

O filme a não ver com avós desbocadas

Este domingo aproveitei que os canais TvCine estavam em sinal aberto para ver o filme "Bem vindo a Nova Iorque". A história é inspirada pelo escandalo sexual de Dominique Strauss-Kahn, o ex director do FMI, que em 2011 violou uma funcionária de um hotel em Nova Iorque. As primeiras cenas mostram a promiscuidade do francês. Quando chega ao hotel são muitas as cenas com amigos à volta de uma mesa de bebidas e muitas "meninas da vida". Logo na primeira cena mais gráfica da coisa a minha avó muito indignada "este filme num presta", "tu deixas a tua filha ver estas coisas?". Como se eu não tivesse 21 anos, a ingenuidade das avós é fantástica. Depois saem as meninas e achei que acabava por aí. Tá bem tá, logo a seguir entram mais duas a interagir uma com a outra e tal e o gorducho a ver "elas são quê? "lébicas"? Isto num presta vou pra cama", "coitadas duas novas com aquele velho, também não têm uma vida fácil". Não sei como mas a minha avó lá aguentou pela metade do filme "ah pensei que ia ser sempre aquilo", tive de lhe explicar que aquilo era o contexto pra a história em si do escândalo. Só hoje ao almoço, de rompante, me perguntou "e o outro foi preso?". Passados os típicos segundos de tentar descobrir de que parte do céu caiu aquela pergunta lá cheguei e respondi "não", e ela "NÃO?", e eu "nãoooo", depois "ah quem tem dinheiro regala-se é como o Sócrates". A minha avó é como uma ostra, só me dá pérolas.