É o que dá ser gabarolas
A única coisa de que não me posso queixar no inverno é de problemas de saúde, das constipações às gripes que andam à solta nesta altura do ano nada me pega. Tenho um sistema imunitário quase à prova de bala. A garganta inflamada que para muitos é o presságio de semanas ou até meses de febre, antibióticos e dias de cama em mim traduz-se no nariz entupido ou a pingar e trios de espirros sucessivos (quase sempre espirro a triplicar). No máximo dos máximos estes sintomas desaparecem em duas semanas, e pronto estou aviada para o resto do ano, a minha constipação é isto. Seria de esperar pior, tendo em conta que até sou sensível ás mudanças de temperatura. Quando viajo entre Coimbra e o Porto fico com dor de garganta mas só durante a manhã do dia seguinte, à tarde já tendo passado facilmente me esqueço que tive alguma coisa. Este domingo, estava no sofá ao lado do outro onde o meu gato dormia, e ouvia a sua respiração profunda, com dificuldade, a ressonar levemente, aparentava estar de nariz entupido. Pensei, coitado, até o bicho sofre mais com o inverno do que eu.
Claro que isto de quase não ficar doente é motivo de regozijo da minha parte. Gosto de despertar a inveja em quem me diz para ter cuidado porque está para chocar alguma e eu simplesmente irrelevo porque sei que não me afeta. Já perdi a conta ao número de vezes, este ano, que disse que nesta altura raramente ficava doente e nem previa ficar. Eu devia era ter estado calada. Já há dois anos que o inverno passava por mim sem deixar mazelas, este ano pronunciou-se. Toma lá que é para aprenderes! Quando cheguei a Coimbra estava muito bem, como sempre, ontem de manhã comecei a ficar com uma narina semi entupida, depois do almoço passei a compor sinfonias de espirros e a meio da tarde já snifava o pacote de lenços de menta que ia sendo esvaziado.
Com muitas bebidas quentes, chá, café, cappuccino, pode ser que a coisa vá ao sítio e desapareça, como é típico, num ápice. Já aprendi a lição, não devo falar antes de tempo.