Na quinta feira fui a Coimbra com a minha mãe, a quem praticamente exigi presença, à procura de quarto para alugar no próximo ano letivo. Quis ir antes da invasão que se segue após os resultados das candidaturas para as licenciaturas e da segunda fase dos mestrados.
Pelo caminho, de duas horas de viagem até Coimbra, ouvi as notícias de tempo manhoso com chuviscos e orvalho para várias zonas do país, incluindo também a cidade dos estudantes. Mas quando cheguei, por volta das 10:30h, não havia sinal de chuva. Começamos logo por ir ao sítio da faculdade para a partir daí ir alargando na procura. Seguimos as ruas mais acima do meu departamento e andamos, andamos, andamos e nada, para nosso azar começou a chover, aquela chuva de que eu não sentia falta nenhuma, frequente, em abundância mas em pingos finos (daqueles facilmente levados pelo vento) que demoram até despejar as nuvens. A hora do almoço aproximava-se, o tempo escaçeava e eu estava cada vez mais preocupada em não arranjar casa, em que buracos se enfiavam tantos estudantes.
Enfardei uma pizza ao almoço que lá me deu animo e um novo folêgo. Bora para as ruas que dão acesso à Praça da República. Os anúncios de aluguer começavam a aparecer nas janelas como o musgo nas árvores. Por volta das 17h, com a minha mãe quase a desfalecer, tinha à escolha duas casas. A primeira era nova, tinha sido recentemente mobilada, pequenina, e sem despesas incluidas, a partilhar com duas raparigas. A segunda era mais velha, o preço incluia despesas e mesmo assim era mais barata que a outra, era ligeiramente mais perto. O fogão era pequeno, mas for isso o maior senão é que a senhoria vivia na casa, os dois andares não tinham divisão, a entrada era comum. Ora pensei eu, para uma senhora já com uma certa idade (sessenta e picos, talvez) viver numa rua tão cheia de bares e discotecas, que teve no ano anterior todos os quartos alugados não deve ser assim tão chata, e lá me decidi por esta última casa.
Objetivo cumprido, antes de voltar a apanhar o último expresso para casa, das 18:30h, ainda deu tempo de parar pela Nut e deliciarmonos com um nutkebab (basicsamente um crepe com nutela, gelado de avelã, raspas de chocolate e toping de chocolate, uma receita a incluir em qualquer dieta ter um corpo de verão).
Na sexta feira é que a coisa deu para o torto. A minha mãe sempre com uma intuição apurada ligou para a senhoria, para nossa surpresa a senhoria vive com o marido, nós sempre assumimos que fosse viúva. Alto e pára o baile, dividir a casa com um homem estranho NEM pensar, porque quem nunca se esqueceu de nada no caminho quarto - casa de banho e andou de um lado para o outro em trajes menores, hã.
Lá estava eu outra vez sem casa, voltar a Coimbra tão cedo estava fora de questão. Mas depois lembrou a minha mãe, havia um quarto para alugar no apartamento ao lado do outro entre o qual pensei escolher, mas quando lá estive a senhoria não estava e não vi a casa. Durante o fim-de-semana a senhora enviou-me fotos recentes, algumas dúvidas foram respondidas e eu fiquei agradada, era perto, relativamente novo e muito mais barato (a senhoria não passava recibo). Na segunda feira tomei a decisão e tratei dos promenores e ontem fiz o pagamento do aluguer do mês de Setembro. Sinceramente se tivesse visto a casa antes teria-me decidido por esta, no final tudo correu pelo melhor.