Um nobel para a música
A notícia foi-me dada em tom humorado e eu não levei a sério. Ontem, quando fui para o laboratório depois do almoço soava uma música de fundo de Bob Dylan, diziam-me "estamos a ouvir o Nobel da literatura". Alguém é muito fã das letras das músicas, só pode, pensei eu. Afinal é mesmo verdade, "por ter criado novas expressões poéticas na tradição da canção americana" há um músico no restrito e conservador grupo que habitualmente constitui a lista de laureados, quanta ousadia.
Quando me falam de Bob Dylan lembro-me do filme "Mentes perigosas", com a Michele Pfeiffer, da mesma situação que a Catraia conta neste post, numa conversa entre duas personagens sobre qual o poeta favorito confundem-se Dylan Thomas com Bob Dylan. E o músico é mesmo encarado como poeta e uma das músicas serve de base para uma aula de literatura.
Conheço muito pouco acerca da obra para fazer quaisquer juízos quanto ao mérito da atribuição deste galardão. Mas isto deixa-me a pensar nesta nova perspetiva de fusão entre a literatura e a música. Todos os cantores são poetas, logo escritores, e portanto elegíveis ao prémio. A música é poesia, por vezes conta mais história e transmite mais sentimentos em poucas linhas do que em centenas de páginas, não há só melodia para ser escutada. O me deixa especular, se no futuro, um escritor tiver a sua poesia adaptada para música será também elegível a um Grammy?