Voltei
Estes dias em que estive fora foram passados, finalmente, na praia. Para mim as férias de verão, para realmente o serem, têm de ter praia à mistura muita ou pouca isso já é indiferente. Este ano a oferta da estadia em casa de uma prima afastada foi o pretexto para, após um longo período de separação, voltar à praia da Barra em Aveiro. É a minha favorita por todos os motivos que me fazem desfrutar desta forma de lazer. A areia é limpa e finíssima, o paredão de 1600 metros, onde os pescadores tentam a sua sorte, dá entrada para o porto de Aveiro. Como delimita parte da praia, torna o mar muito sereno após o paredão, o local ideal para os mais pequenos irem a banhos. Há muita oferta de restauração onde o peixe é sempre destaque nos menus. Muito comércio com cheiro a mar, para nos entretermos depois do almoço, em vez de nos alaparmos logo na areia. O que é preciso é ter cuidado com o sol, porque no primeiro dia uma caminhada de uma hora valeu-me dois tons de coxa, fiquei logo com a marca dos calções. A zona é bem ventosa, sobretudo à noite o frio é de rachar, mas a ideal para a pratica de windsurf e voos de parapente. E aquilo que eu não posso esquecer, que (quase) só há em Aveiro, me causa desejos recorrentes, a bolacha americana. Tirei bem a barriga de miséria, comi que me consolei, simples, com Nutela, chocolate branco e Twix, foram mais ou menos uma cerca de doze, e ainda uma tripa com ovos moles, provei pela primeira vez este ano e também adorei. São todas estas particularidades que atraem um número impressionante de veraneantes, ao fim de semana é bastante difícil arranjar lugar no areal para estender a toalha. Há coisas de que me lembro que mudaram, já não há as bancas dos ciganos a vender à entrada do paredão. O mercado ao pé da praia "encolheu", quando eu era pequena era uma espécie de tenda e parecia não ter fim tal era o atulhamento de gente e produtos têxteis e fruta, agora é um edifício em cimento quase vazio, visível de ponta a ponta.
Logo no dia em que cheguei fui ao festival do Bacalhau, que terminava naquele fim de semana. As muitas tendas das organizações locais, bombeiros, rancho, escuteiros, ..., serviam pratos de bacalhau, como é óbvio. Mesmo não sendo grande entusiasta do prato fui um dia provar o que achava ser a especialidade. Pois achava mal, a variedade era bem reduzida, na maioria serviam-se petiscos, bolinhos, caras, pataniscas, encontrar um local que servisse o peixe em posta ainda deu o seu trabalho, e a esperaaaaaa, foi mais de uma hora para ter vez de sentar num pequeno espaço de um grande banco. A posta era bem grande e servida mas um pouco demolhada para o meu gosto, o puré terrível, a salada a acompanhar safava-se, no geral não valeu o tempo e dinheiro. Não pude sequer ir ver a exposição de showcooking. O melhor foi a exposição de artesanato, que eu adoro ver quinquilharias. Como habitual em qualquer festival havia um espetáculo musical, o artista da sexta-feira foi o David Carreira. Este o "Caminetes" de quem eu menos desgosto como pessoa, talvez pela pinta que transmite, não parece ser tão mosca morta como o irmão ou o pai. Musicalmente falando, tenho pouco conhecimento do repertório de qualquer membro da família, nem nunca tão pouco vi um concerto. Não achava possível, com as minhas baixas expectativas desiludir-me ainda mais, o David tem ainda menos voz do que lhe dava credito, não tem a pujança para se fazer ouvir um bocado mais ao longe, muito menos tem perfil de entreteiner, é um dos muitos membros da sua equipa que puxa pelo público.
A Costa Nova é um ponto de passagem quase obrigatório pelas vistas únicas das casinhas às riscas. As esplanadas não faltam e tem também um mercado rico em todo o tipo de peixe, sempre fresco. Há uma ou outra lojinha de loiça tradicional pintada à mão.
Também fui dar um passeio pelo centro da cidade, a coisa mudou muito, todos os estacionamentos tinham paquímetro, não havia buraco que não se pagasse, inclusivamente o parque de estacionamento do fórum. Numa tarde lá foram três euros e trocos à vida.
Vi o navio Museu de St. André, o bilhete de adulto é 3€ e com desconto estudante 1,5€. Eu adoro ver tudo, tudo ao pormenor e acho que valeu bem a pena. Aprendi mais sobre a história deste navio de pesca de arrasto, desde a atividade até se tornar no contador da sua história. Os diversos compartimentos estão bem identificados, com a função indicada. O que mais gostei de ver foram as camaratas, a cozinha, o centro de comando na proa conde estava o leme.
Regressei no domingo, ainda a tempo de ir ao encerramento da Agrival, nem é tanto o artesanato que me faz marcar presença todos os anos, é o excelente fogo de artifício, que no último dia tira lugar ao convidado musical. É sempre piromusical, a combinação perfeita de muito e belo fogo ao ritmo (não é banda sonora, é mesmo ritmo) de uma playlist. Este ano fiquei desiludida, em vez do habitual Dj estava a passar a rádio Penafiel. Os clássicos da década de oitenta e noventa não constituem o topo das minhas preferências musicais, não fosse eu uma cachopa de 94, mas era escusado as pausas para anunciar as músicas seguintes.
Durante o tempo em que estive ausente o meu avô fez anos. E ó pessoa para gostar de celebrar o seu dia, uma das raras preferências que demonstra é o gosto de lhe cantarem os parabéns. Como eu e o resto da família estava a banhos, ficando só ele em casa com a minha avó, o festejo foi ontem, quando a pasteleira (eu) já estava ao serviço, uma semana depois, mas não interessa porque antes é que dá azar.
Larguei a preguiçite aguda que me possuía e voltei.